Houve um tempo, há algumas décadas, que o comportamento do
aluno era tão avaliado quanto o seu aprendizado. Se um aluno
estivesse quieto, calado, não se mexesse muito, não perturbasse
em nada a aula, nem sequer perguntasse uma dúvida que tivesse,
pronto: nota máxima em comportamento. Por esta nota os pais,
que tinham que assinar o boletim, sabiam se o seu filho fez bagunça
ou não na sala de aula.
Assim, quem estivesse tímido, com graves problemas psicológicos
como isolamento, mutismo, séria dificuldade de relacionamento,
considerável baixa na auto-estima a ponto de julgar-se incompetente
para participar da aula etc.
poderia receber uma boa nota de comportamento.
Era a época em que reinava o ensino autoritário, quando as regras
escolares estavam acima de qualquer aluno, o dever estava muito
distante do prazer, do lúdico, da alegria de viver. É deste período que
os professores cometiam atos hoje considerados abusos de poder e
até mesmo de bullying, como taxar o aluno de burro, fazer o aluno
“ajoelhar no milho” etc.
Felizmente estas avaliações de comportamento acabaram, o ensino
humanizou e o aluno adquiriu seus direitos de manifestação.
Como toda água que se represa, quando se solta inunda descontroladamente
tudo por onde passa, e não irriga somente o que precisa; o comportamento
dos alunos também “detonou” com tudo o que encontrou pela frente como liberdade de expressão, limites, regras e educação.
Os alunos ficaram como que viciados pela agitação e vontades próprias.
Quando não fazem o que querem e não se agitam, começam a sofrer
um tipo de abstinência ficando irritados, aborrecidos, desrespeitosos,
agressivos, tumultuadores etc.
Hoje até parece que os alunos que desejam aprender estão na contra
mão da maioria, assim como comportar-se em aula sem incomodar outras
pessoas e até mesmo praticar a educação mais adequada e saudável .
O que seria esperado de um aluno para ser considerado adequado é a
educação relacional, com as palavras mágicas: com licença, desculpe,
por favor, obrigado.
Uma sala de aula seria muito melhor se os alunos fossem mais educados - principalmente na civilidade. Ninguém no mundo gostaria de conviver com
pessoas mal educadas, muito menos professores que precisam despertar
nos alunos uma vontade de estudar, quando eles só gostariam de fazer
o que quisessem, avessos às obrigações e responsabilidades que são.
Mas esses mesmos alunos mal educados tornam-se altamente estimulados e
cheios de vontades de aprender quando os assuntos lhes interessam, surpreendendo até quem deles nada espera.
Portanto o segredo para se conseguir o interesse dos alunos e assim um
“aluno bonzinho” é o professor: primeiro ouvir quais os interesses mais
comuns que eles manifestam e, segundo: incluir a sua matéria neles ou o
inverso, ilustrar ou embasar as aulas com os interesses deles. Sabendo que
a paciência deles é cada vez mais facilmente esgotável, o professor deve
alimentá-la fornecendo feedbacks a cada intervenção que o aluno fizer.
Assim as manifestações dos alunos deixam de ser intrusivas e passam a
pertencer ao relacionamento professor-aluno.
Exigir dos pais que os alunos já cheguem educados à Escola é bem pior e
mais difícil de obter resultados positivos do que transformá-los em parceiros
da educação dos filhos deles.
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